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Com relato de servidora do campus Campo Novo IFMT homenageia mães

Publicado por: Reitoria / 14 de Maio de 2023 às 06:00

“Desejo que as mães sejam vistas. Que deixemos de ser invisibilizadas,
pois a carga atribuída à mulher e à mãe é imensa”, diz Daiana.

Mulher, mãe, esposa, trabalhadora, extensionista, pesquisadora. Quantos papeis exerce uma mulher?

Com o relato de força, luta e determinação da servidora do campus Campo Novo do Parecis, Daiana Luiza Schwerz, o Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) presta homenagem às mães, servidoras e alunas, dos 19 campi da instituição e de todo o estado, neste 14 de maio de 2023. 

“Meu nome é Daiana Luiza Schwerz. Sou servidora do IFMT campus Campo Novo de Parecis. Nasci em Medianeira, mas fui criada em Aurora do Iguaçu, distrito de São Miguel do Iguaçu, no Paraná. Sou a filha mais velha de três irmãos, de uma família de descendentes de alemães. Desde sempre tive que ser forte, buscar o meu espaço. 

A minha educação foi em instituições públicas. Em meados dos anos dois mil, fui aprovada no vestibular para tecnologia em alimentos no Cefet [Centro Federal de Educação Tecnológica] Medianeira. Como eu morava em São Miguel, todos os dias viajava vinte quilômetros entre as duas cidades.

Nem sabia ao certo do que se tratava o curso, mas era o único disponível. Nessa época não tinham muitas opções de faculdade e graduação. Trabalhava o dia todo numa floricultura, depois na vigilância sanitária. Sempre falava que quando me formasse iria para Mato Grosso. Assim, quando terminei a graduação, um primo de Sorriso foi passear no Paraná, peguei carona e vim”.

Chegada da Verônica

“No fim de 2004 comecei a trabalhar como coordenadora de controle de qualidade em um frigorífico. Em 2006 me casei com um colega de trabalho e em 2008 nasceu a Verônica Luiza Resende. 

Após a licença maternidade vi que não poderia mais continuar com aquela rotina puxada para uma mãe, de trabalhar das seis da manhã às seis da tarde. Depois percebi que não era o que eu queria e como a remuneração do meu ex-marido não era suficiente para bancar a casa, trabalhei no comércio durante o dia, e à noite, e nos finais de semanas, de manicure. Algumas vezes foi necessário que os nossos vizinhos, Darci e Beth auxiliassem na compra de leite e fraldas para Verônica. Foi uma época bem difícil.

Em 2011 surgiu a oportunidade de trabalhar como instrutora no Senai na área de alimentos. Só que precisava viajar e a Verônica tinha três anos. Mas não tive opção, tive que arriscar. Como instrutora passava em torno de dois meses e meio em Matupá, trabalhando com 50 alunos jovens aprendizes. Saía de Sinop no domingo às três da tarde e retornava para amanhecer sábado. Durante dois meses e meio, duas ou três vezes por ano, era essa a minha rotina. E ministrava aulas para jovens aprendizes em Sinop, Lucas do Rio Verde ou Nova Mutum, dependia da demanda. 

Algumas vezes tinha que fazer abertura de curso. Em uma ocasião, na abertura de um curso de panificação em Matupá, uma senhora me perguntou de onde eu era. Comentei sobre minha rotina e ela me disse que nunca iria abandonar a filha do jeito que eu abandonei. Até hoje isso me marca. Me marcou porque não abandonei a minha filha. O pai dela ficava em Sinop e a minha irmã também morava lá. Eles cuidavam dela. Claro que não era igual a mãe, mas era o que eu tinha para aquele momento”. 

Chegada no IFMT: trabalhos na área de Extensão

“Em 2014 me separei. Com a ajuda dos meus irmãos, principalmente minha irmã - que sempre foi a mãe da Verônica quando eu não estava, ergui a cabeça e fui em frente. Em 2016 recebi uma mensagem da professora Cassiana perguntando se eu tinha interesse em assumir o cargo de técnica em alimento e laticínio em Campo Novo do Parecis. 

Não conhecia a cidade. Não estava esperando. Fiz o concurso para Sorriso e fiquei em segundo lugar. Mas não pensei duas vezes. Mesmo o salário sendo metade do que eu recebia, tinha a oportunidade de ficar mais tempo com a Verônica. Então, arrumei as nossas coisas e partimos para Campo Novo. No primeiro dia das mães fui em uma homenagem na escola. Nesse dia a Verônica chorou muito. Ela não acreditava que a mãe dela pudesse estar participando. Ela dizia: “você sempre falou que ia no dia das mães e nunca aparecia”. 

Desde que assumi o concurso, venho trabalhando com projetos de extensão, inicialmente na área de alimentos, com mulheres em vulnerabilidade, surdos, feirantes, mais tarde na área da compostagem e com os catadores de materiais recicláveis. Estava sempre envolvida com dois ou três projetos de extensão todo ano”. 

Chegada da Lorena: que as mães sejam vistas

“Em 2018 me casei com o Élcio, enfermeiro do IFMT. Em 2020, durante a pandemia, nasceu Lorena Luiza de Souza, a nossa pequena. A partir do momento que conheci o Élcio começamos a fazer tudo juntos. Academia, trabalho, projeto de extensão. Todas as nossas atividades são feitas juntos. Participamos de um curso em que conhecemos e nos tornamos amigos do professor Sandro, da Unemat. Ele é da área de ciências ambientais, trabalha com catadores de materiais recicláveis. 

Começamos a participar de um grupo de pesquisa e ele sempre nos instigando a fazer mestrado, doutorado. Mas isso era algo que eu não me via fazendo. Achava que não iria agregar nada na minha vida, além da remuneração. Eu não iria me empenhar só pelo salário, tinha que ter algo mais.

A convite dele cursamos, como alunos especiais, a disciplina Decolonialidades no Programa de Ciências Ambientais. E foi maravilhoso. Foram várias leituras de artigos e as crenças que eu tinha desde pequena, que eram verdades absolutas já não eram mais. Comecei a refletir sobre muita coisa, quem eu era, como eu era, como mulher, mãe, por que eu estava fazendo tudo aquilo? Foi um momento ímpar.

No ano passado, estava trabalhando em três projetos de extensão, chefe de gabinete, essa é minha função hoje, mãe de duas filhas, casada. E, finalmente, eu e o Élcio ingressamos no mestrado de educação profissional e tecnológica ProfEPT do IFMT. O objetivo do meu projeto de pesquisa é incentivar os técnicos administrativos em educação a desenvolver pesquisas científicas no IFMT. Quero que outros também tenham a oportunidade de experimentar o que experimentei. 

Por fim, apresento a minha razão de viver: Lorena, a minha pequena e Verônica, a minha primogênita. Desejo que as minhas filhas tenham orgulho da mãe delas. E nesse dia das mães, desejo que as mães sejam vistas. Que deixemos de ser invisibilizadas, pois a carga atribuída à mulher e à mãe é imensa.

Feliz Dia das Mães!”

Para assistir a íntegra desta inspiradora história acesse: https://www.youtube.com/watch?v=-1zG-OW8O_M

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