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IFMT-Pontes e Lacerda: professor integra grupo de pesquisa que descobriu anticorpos em morcegos contra o hantavírus

Publicado por: Campus Pontes e Lacerda / 11 de Março de 2020 às 07:24

Morcegos filostomídeos apresentam anticorpos contra o hantavírus. A descoberta é resultado de uma pesquisa científica desenvolvida em Mato Grosso, na região Norte do estado, sul da Amazônia, que faz parte do arco do desmatamento, publicada no periódico internacional Transbondary and Emerging Diseases.

Ela foi conduzida pelo Dr. Gilberto Sabino-Santos, atualmente no Departamento de Medicina Tropical da Tulane University (New Orleans-Estados Unidos), além das parcerias com outras instituições, como Instituto Federal de Mato Grosso, com participação do professor/pesquisador doutorando Sérgio Gomes da Silva, atualmente lotado no campus Pontes e Lacerda, e a pesquisadora Colaboradora Doutoranda Francimeire Fernandes Ferreira, ambos participantes do grupo de pesquisa “Ciências socioambientais na Fronteira”, vinculado ao campus Pontes e Lacerda. Também participaram a Universidade de São Paulo-Ribeirão Preto, Universidade do Estado de Mato Grosso, Universidade Federal de Mato Grosso, Oregon State University e University of East Anglia.

A informação revela que o hantavírus pode estar circulando em comunidades de morcegos e que a presença deste vírus em morcegos pode estar associada aos impactos promovidos pelo desflorestamento nessa região da Amazônia, que é considerada a maior fronteira de desmatamento do mundo.

O hantavírus é uma zoonose com alta letalidade para o ser humano que acomete o sistema cardiorrespiratório e o trato urinário. Geralmente é transmitida para o homem através da inalação de partículas virais ou pelo contato direto (sangue ou saliva) com hospedeiros vertebrados infectados.

A pesquisa ocorreu com captura de morcegos em redes de neblina em remanescentes florestais rodeados por áreas de monocultura (soja, capim e milho). Foram capturados 292 morcegos pertencentes a 31 espécies distintas, porém, apenas 47 foram sacrificados e tiveram sangue e outras amostras coletadas, seguindo protocolos específicos e autorizações do comitê de ética em pesquisa com animais e Sistema Brasileiro de Informações da Biodiversidade. Através de análises laboratoriais específicas, foram encontrados anticorpos contra o hantavírus em duas espécies de morcegos da família Phyllostomidae, a espécie Phyllostomus hastatus e Dermanura gnoma.

Para o professor/pesquisador do IFMT Sérgio Gomes, “pesquisas com esse intuito são fundamentais no atual cenário mundial, tendo em vista, a relevância de atuarmos com a prevenção, ou seja, conhecimento de possíveis patógenos, em possíveis hospedeiros, de forma, a compreendermos o processo de expansão desses vírus e suas relações, bem como, buscar possíveis estratégias, para evitar infecções humanas”.

O pesquisador Dr. Gilberto Sabino-Santos acrescentou: “É preciso deixar claro que os vilões não são os morcegos. Morcegos são importantes dispersores de sementes que sustentam a vida de várias florestas. Ainda, os morcegos controlam a população de insetos, que são transmissores de vários outros vírus como dengue, zika e chikungunya. A atividade agrícola intensiva, extração ilegal de madeira são as principais atividades responsáveis pelo desflorestamento na região sul da Amazônia. Esse desmatamento desestabiliza o ecossistema e altera a dinâmica dos animais e consequentemente a diluição do vírus na natureza; o que aumenta o contato do ser humano com esses animais hospedeiros de hantavírus. Sabemos pelo nosso trabalho que o hantavírus está a circular na região em morcegos, agora um próximo passo será realizar estudos de ecologia viral associados com a paisagem para entendermos as principais zonas de risco e, assim, estabelecer medidas de prevenção que possam evitar um futuro/possível surto”, concluiu.

A publicação da pesquisa pode ser acessada pelo link: (https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/tbed.13442?casa_token=SYaP5WBfx_AAAAAA%3AV4lX1AmTtST8xjgpcQ_oOfQYaGrYVgWX1k24_bPqmhMb4nwb9ltlLRRijLymgFqv-eDg7cT4Dcu78f-_).

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