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Professora do IFMT Pontes e Lacerda apresenta estudo em congresso internacional sediado na Itália

Publicado por: Campus Pontes e Lacerda / 27 de Julho de 2021 às 08:32

A professora doutora do Instituto Federal de Mato Grosso Campus Pontes e Lacerda – Fronteira Oeste, Gislei Martins de Souza Oliveira, apresenta de forma online, na sexta-feira (30), a pesquisa intitulada Aporias do tempo em "Inferno Provisório", de Luiz Ruffato, no XIII Congresso da Associação Internacional de Lusitanistas (AIL), que teve início nesta segunda-feira (26), na Sapienza— Universidade de Roma (Itália), local escolhido como sede desta edição.

O estudo trata-se da tese de doutorado da professora, defendida em 2018. "O trabalho propõe o estudo da coletânea de narrativas intitulada Inferno Provisório, de Luiz Ruffato, com o objetivo de investigar o modo pelo qual as personagens encenam a coexistência de temporalidades dissonantes entre si em um presente repleto de contradições socioculturais. A série ruffatiana é composta de cinco obras, que se apresentam da seguinte forma: Mamma, son tanto felice (2005a), O mundo inimigo (2005b), Vista parcial da noite (2011a), O livro das impossibilidades (2008) e Domingos sem Deus (2011b)", explica no resumo.

Conforme é destacado no trabalho, em vez de seguir a ordem cronológica ficcional, a abordagem considera que Inferno Provisório interpenetra o tempo em três sentidos distintos: na subjetivação das personagens, na estrutura narrativa e, ainda, em alegorias temporais que sugerem a transição das personagens entre as obras, cujo processo é denominado como efeito de hiperlink.

Assim, enaltece-se que a "circulação das personagens ocorre também a partir do movimento de (i)migração, que tem início na Itália em direção à região da Zona da Mata, em Minas Gerais, e se estende aos demais Estados brasileiros, principalmente às grandes metrópoles do País. O percurso feito pelas personagens, na tentativa de garantir a subsistência, culmina na produção de uma imagem infernal da cidade de São Paulo, tendo em vista o inevitável afastamento e negação da origem. Para esse enfoque, fundamenta-se na premissa de Santo Agostinho, revisitada por autores como Frederic Jameson (1985), Gilles Deleuze (2003), Paul Ricoeur (1994; 2012; 1997), dentre outros, de que o tempo seria uma distensão da subjetividade capaz, portanto, de engendrar a arte da narração".

Além disso, é apontado que "Zygmunt Bauman (1999) relaciona alguns fatores que contribuíram para o aumento da mobilidade no mundo contemporâneo, a saber: a internacionalização do capital, o aumento no circuito informacional e, acima de tudo, o acesso aos bens de consumo. Com a abolição das fronteiras territoriais, o homem se torna cada vez mais propenso à construção de novos significados e, consequentemente, ao fluxo temporal da subjetividade. Busca-se, assim, atualizar os conhecimentos produzidos sobre a materialização do tempo nas narrativas de Luiz Ruffato, as quais estão circunscritas, por uma grande parcela da crítica, ao viés de pesquisa dos espaços urbanos. Com isso, é ratificada a tese de que Inferno Provisório retoma o passado na tentativa de configurar a condição do homem contemporâneo, que está sempre submetido à revelia das transformações temporais".

Sobre o evento – O site oficial informa que a escolha de Roma e da Sapienza como sede do XIII congresso da AIL, decidida por ocasião da Assembleia Geral do XIII Congresso, pretende levar de volta para a Europa, depois dos congressos em Cabo Verde e em Macau, o maior e mais representativo conjunto de pesquisadores no âmbito da língua, das literaturas e culturas de expressão portuguesa.

A Sapienza - Conforme a organização, é a universidade com o mais alto número de alunos do mundo, depois da Universidade Autónoma de México, e ocupa um lugar de destaque em todos os rankings internacionais — assim o evento concentra pessoas de vários países, no intuito de fortalecer a presença dos estudos lusófonos, não apenas na Itália, mas em toda a Europa.

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